A imprensa no século XIX, Imprensa oficial, Imprensa negra, Imprensa feminina
- Edran Blayner
- 9 de nov. de 2020
- 6 min de leitura
Olá pessoal tudo bem? aqui é o Edran, professor de história e escritor aqui do blog Entrelinhas da História, falaremos hoje acerca de um tema importante para a compreensão de determinados períodos e sujeitos da história, inclusive para os leitores que possivelmente venham a realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O tema abordado será " A imprensa no século XIX, imprensa oficial, imprensa negra e imprensa feminina.
A imprensa nasceu no mundo basicamente por uma necessidade de ampliação no conceito de comunicação, deu-se talvez pela necessidade de informatizar e levar informação á diferentes públicos e também posterirormente a diferentes classes sociais.
Inicialmente a imprensa preocupava-se com a informação de acontecimentos do dia a dia, tal como, economia, cultura, política, etc. até ganhar força nos dias atuais e começar a fazer parte de um universo que vai além da informação apenas. A princípio a imprensa se dava por meio dos jornais impressos, e só tinha acesso a esse conteúdo, uma minoria intelectual, sendo que no Brasil inicialmente as letras impressas eram proibidas pela corte portuguesa.
Ela também era transmitida por rádios e posteriormente pela televisão, e tínhamos então uma imprensa pautada em relatar única e exclusivamente o que a elite desejava, consequentemente percebemos uma imprensa oficial. Devido a diversos acontecimentos cotidianos, a presunção de abordar novas temáticas e a vinda da família real portuguesa, o Brasil aderiu à imprensa como forma “legal” de informação. Uma vez que só era falado o que a corte gostaria que falasse, ou seja, a imprensa agia sobre forte censura nesse período.
Devemos levar em consideração que a imprensa chegou tardiamente no Brasil, uma vez que no país a taxa de analfabetismo era grande, e não havia escolas, sendo impossível o acesso ao letramento. Em contra partida de uma maneira em geral, a imprensa veio como forma de acompanhar os avanços tecnológicos, os avanços na educação, e também pelos aspectos citados acima, e basicamente com o intuito de informar. Na medida em que houve avanços nas sociedades, deu-se então a necessidade de expandi-la e colocá-la ao alcance de todos, até mesmo a população menos favorecidas, pois a partir desse avanço os jornais impressos, por exemplo, passaram a ter um preço mais acessível alcançando assim uma população que antes não tinha contato com esse mundo do “letramento”.
A imprensa nasceu basicamente de um caráter politico, pois a família real portuguesa necessitava de algo que pudessem divulgar a sua “estadia” no Brasil, como também relatar todas as feitorias que viriam a ser realizadas por eles, porém principalmente nos jornais impressos, não era difícil observar a forte presença política neles, usando como exemplo, a independência do brasil que teve como meio propagador o jornal impresso. Também se referindo ainda ao Brasil, podemos destacar o processo de abolição da escravatura, que perdurou por anos e anos, e com certeza mesmo que a favor ou contra houve uma propagação desse acontecimento nos jornais e na imprensa local, ainda que seja uma propagação ponderada.
Pode-se dizer que inicialmente tínhamos uma imprensa voltada totalmente a elite, usada em sua maioria para narrar fatos, acontecimento realizados pela corte portuguesa no Brasil. Já no processo abolicionista levantam-se alguns jornais a favor do negro, dentre eles estão "O homem de cor", ' A raça", " Tribuna negra" etc... o que nesse período mesmo próximo da abolição seria algo “absurdo”, esses jornais de oposição basicamente se organizavam em “fundo de quintais”, lançavam tiragens muito pequenas, usando sempre pseudônimos para que não fossem identificados e nem sofressem retaliações, e propagavam nesses jornais o que estavam na constituição, direitos dos negros, inserindo-os num processo para o fim do preconceito, o fim da opressão aos negros, e o fim da desigualdade.
Diante disso, faz-se importante pensarmos na imprensa como uma manipuladora de conhecimentos, pois a mesma é capaz de mudar o sentido do cotidiano, podendo até mudar também o sentido da vida. Com isso, todo veículo ligado á imprensa está repleto e carregado de intencionalidades, sendo assim livre da neutralidade e como já havia dito antes, ele está inserido num espaço político e social do nosso cotidiano.
O primeiro veículo de imprensa a circular no brasil foi o jornal, um deles o “Correio Braziliense” repleto de ideias do liberalismo, propagavam também ideias para se ter no período a liberdade de imprensa, até mesmo de maneira menos exacerbada, a condição do brasil perante a corte, e isso só seria resolvido como sabemos muito tempo depois. como também defendia a substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, ou seja, que através dessa defesa das trocas de forças de trabalho daquele período, é possível notar o posicionamento do jornal perante a escravidão.
Devemos levar em consideração toda uma estética que esses veículos de comunicação levavam consigo nesse período, pois, irá nos ajudar para uma melhor compreensão dos veículos atuais. Antigamente por exemplo, os jornais eram escritos em aproximadamente 100 páginas que se subdividiam em vários assuntos do cotidiano; Assim também como o 1º jornal impresso no Brasil, que para se relatar noticias internacionais, o mesmo era avaliado para que não pudessem ser propagadas ideias do liberalismo ou qualquer outra ideia que visava uma revolução.
Posteriormente, essa imprensa foi se desenvolvendo e sendo “liberada” aos poucos, fazendo com que diversas classes tomassem conhecimento e pudessem ter acesso aos conteúdos apresentados por ela, e nessa imprensa fora aparecendo os negros, a mulher, foi se também formando até mesmo uma oposição a algumas ideias naquele período.
Inicialmente a imprensa era constituída por uma classe de famílias abastadas, muitos advogados, médicos, engenheiros, porém a exemplo da “gazeta” apareceram com valores populares, e com valores relativamente baratos. surgindo de maneira mais forte a imprensa negra, com ela nasce novos movimentos sociais que foram capazes de estabelecer uma reflexão para que os negros pudessem exigir a sua inserção dentro de uma sociedade preconceituosa (pós-abolição), uma vez que todo o processo abolicionista perdurou por anos e anos até culminar com o “término” da escravidão, exigiam também o pleno sentido de cidadania que deveriam ter as classes dominantes.
Em 1833 com a criação do 1° jornal negro, há também o aparecimento de negros compondo esse jornal, um negro provido de letramento (Paula Brito). Ainda nesse sentido há uma organização das revoltas utilizando-se dos jornais e comunicados impressos, provavelmente colados a noite para que não sofressem retaliações. Esses papéis foram de fundamental importância para a propagação das desigualdades sociais sofridas pela população negra naquele período. A partir do 1° jornal negro criado, surgiram posteriormente vários outros que propagavam a mesma ideologia, e denunciavam as mesmas inquietações, o preconceito racial existente naquele momento.
Não deixando de Lembrar então que o jornal serviu como forte aliado para disseminar suas ideologias e terem suas aceitações na sociedade, e também apresentar os demais aspectos do dia a dia. Após anos de lutas e enfrentamentos, surgiu no Brasil uma imprensa voltada aos direitos femininos, especificamente em 1873, uma elite letrada de mulheres que buscavam o seu espaço dentro daquela atual sociedade; é importante ressaltarmos que temos aqui nesse contexto uma elite voltada em princípios que regia toda uma sociedade, não se pautando apenas a um grupo só, e sim lutando para a inserção de toda uma classe, que é a classe das mulheres, buscando a inserção e a participação na vida pública como também uma independência politica.
Em 1852, porém nasceu no Brasil um jornal que se pautava em apresentar aspectos do cotidiano da mulher, como moda, literatura, etc... , porém com forte contribuição para que houvesse uma maior aceitação ou complacência com a escrita feminina. Com isso, nos anos seguintes, houve um aumento significativo de tiragens de 800 unidades para 4000 unidades, o que para o período era algo inesperado; isso mostra o quanto foi significativo à propagação dos valores femininos, e nos leva a pensar na significação que essas ideias tinham para essas mulheres, que vivam numa sociedade machista e repressiva.
Jornais como “O Sexo Feminino” publicavam “matérias” que iam contra o sentido pré-estabelecido criado pela sociedade, principalmente quando reduzidas a meras donas de casas, ou “parte do imóvel”, para isso esse jornal fora criado para aproximar pensamentos, independente de raça e do poder econômico. Exigiam na sociedade melhores condições, emancipação política, queriam em tese reaver seus direitos perante aquela sociedade, educação para educar os filhos, queriam cada vez mais saber de seus direitos. Até destaca-se nos jornais um apelo feito pelas mulheres “Queremos enfim saber o que fazemos o porquê e o pelo quê das coisas”. Ou seja, queriam apresentar-se como sujeitos ativos dentro daquela sociedade.
O “sexo feminino” ainda reivindicava um novo conceito no que se refere ao trabalho, fazendo com que novas funções femininas fossem associadas a novos domínios, em outras palavras a mulher queria se ver inclusas nos concursos públicos, nos cursos superiores pelo mundo. As mulheres sabiam que ao reivindicarem todos essas ideias propostas nos jornais, as mesmas consequentemente conseguiriam uma maior independência perante a figura masculina da época.
Além do mais o “sexo feminino” acreditava que a educação era o ponto crucial para que a mulher ganhasse seu espaço naquela sociedade. Porém não chamaríamos de educação do conhecimento apenas, mas sim uma educação que engloba valores pra essas mulheres. Educação essa que formariam um caráter de pessoas mais úteis dentro da sociedade.
Em oposição á isso, nasce uma imprensa colocando a mulher com funções estabelecidas dentro daquela sociedade, se constituindo basicamente como “agente do lar”, tenteando quebrar uma lógica que estava sendo estabelecida pelo jornal “o sexo feminino”, usava-se de toda uma escrita preconceituosa e machista para descrever a luta dessas mulheres para com a sociedade.
E aí viajaram pela História ? se identificaram com as lutas do contexto atual ? conte me aqui nos comentários. Até a próxima.

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